Data: c.
1930-40
Dimensões: Ø32 cm x alt. 5,5 cm
A arquitectura de uma mesquita otomana à borda de
água, muito provavelmente um rio, com as duas tamareiras em primeiro plano,
servindo de repoussoir, remete para o
exotismo de um qualquer deserto do Próximo Oriente, o Egipto, por exemplo. Como
se a mesquita turca do Cairo tivesse descido até ao Nilo.
Decorações idênticas podem ser encontradas em bases
para bolos alemãs (infelizmente perdemos uma das imagens que tínhamos para
ilustrar) e noutras peças cerâmicas da mesma nacionalidade.
Embora com raízes ainda setecentistas e que o
espírito do Romantismo desenvolveu, este tipo de representações de um misterioso
e exótico Oriente Próximo alimentaram o imaginário do Ocidente século XX
dentro. O fascínio que a espectacular descoberta do túmulo de Tutankhamon, em
1922, causou, ou antes a personagem Lawrence da Arábia (1888-1935) e a canção
«The Sheik of Araby» (1921), depois o cinema, em filmes como «The Sheik» (1926),
ou os cenários da intriga de algumas obras de Agatha Christie (o mais conhecido
será «Morte no Nilo», de 1937), por exemplo, contribuíram para continuar a
alimentar fantasias das “mil e uma noites” no imaginário e estética colectivos
pelo menos até ao desencanto que eclodiu com a II Grande Guerra.
Exemplar idêntico já foi apresentado por MAFLS, que
sobre o tema discorreu, e apenas rectificamos que se trata da decoração nº 946 «para malgas e
pratos de cosinha», conforme desenho do fundo documental da antiga Fábrica de
Loiça de Sacavém, disponível no Museu de Cerâmica de Sacavém - Centro de Documentação Manuel Joaquim
Afonso, a quem dirigimos, uma vez mais os nossos agradecimentos, e conforme
carimbo deste nosso exemplar.
Como os Reis Magos vieram do Oriente e o Menino também por lá nasceu, aproveitamos o motivo para desejar um
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