quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Jarra cantil decagonal – Longwy - França


Jarra art déco de faiança moldada e relevada, craquelé, em forma de cantil decagonal, com decoração cubizante, policroma esmaltada, cloisonné, segundo a técnica da corda seca ou “relevo contornado”, em três tons de azul e branco, com motivos florais e geométricos, nas duas faces e perfil a azul-forte. Pé saliente e bocal octogonais a azul-forte, tendo o último a parte superior a azul mais claro. No fundo da base, carimbo preto com escudo coroado sobrepujando «LONGWY FRANCE» e, pintado à mão, «D.5457» e carimbos «L» e «37» (?)
Data: c. 1920-30
Dimensões: Alt. 19 cm x Ø. 16 cm x larg. 5 cm


A exuberância da decoração, em flores que explodem como fogo-de-artifício, cortadas pela geometria dos rectângulos, é bem exemplificativa de um Cubismo amável que perdeu a agressividade escandalosa da década anterior e já pode ser aceite tranquilamente nos lares burgueses. Aliás já prenunciado pelo cubismo de pendor decorativista de André Lhote, por exemplo, desde meados dos anos 10.


Deixemos de lado o objecto. Hoje acaba mais um ano e as expectativas de um 2015 feliz goraram-se na voragem da irracionalidade a que o Homem parece estar sempre condenado. Efeitos da Caixa de Pandora, certamente.

Apesar da crise europeia, apesar das nuvens negras que se adensam no horizonte a Oriente, terrorismo e fundamentalismo islâmicos não serem mais que uma guerra em grande parte induzida pelo domínio da água, muito mais preciosa que o petróleo, apesar das alterações climáticas e deste excesso de calor pouco usual para a época do ano – El Niño volta lá para onde vieste – o ritual de renovação que a passagem do ano significa para a Civilização Ocidental, leva-nos a ser optimistas.

Assim, e como vem sendo tradição no nosso blogue, os votos de Ano Novo, com desejos de Paz, Amor e Prosperidade, são ilustrados com uma peça Longwy. É que não há nada tão optimista como uma jarra dos anos 20 e 30 desta fábrica!

Talvez temesse pelo futuro mas a sua produção art deco é então um hino à Esperança que nunca abandona o Homem mesmo em tempos que anunciam tempestade.


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