Serviço de café (parte) composto por cafeteira, duas
chávenas e respectivos pires, de faiança moldada, monocroma cor-de-rosa. As formas lisas são cintadas a meio por um anel estriado. A tampa é escalonada com pega em botão. As asas são quebradas de gosto neoclassicizante. No
fundo da base da cafeteira carimbos
verde «Gilman & Ctª – Sacavém» e «Portugal». Em um dos pires, carimbos
verde «Gilman & Ctª – Sacavém» e «Portugal». complementados pelos carimbos
«T» e «E» também a verde «Sacavém» «52LO». e, inscrito na pasta. Em outro pires
carimbos verde «Gilman & Ctª – Sacavém» e «Made in Portugal» complementados
pelo carimbo «M» e, inscrito na pasta, «Sacavém» e «52KO». As chávenas
não apresentam qualquer marca.
Data: c.
1935
Dimensões: Alt. 20,5cm (Cafeteira)
Trata-se de um modelo desenhado pelo célebre
arquitecto e designer Keith Murray (1892-1981) para a firma inglesa Wedgwood cerca de 1934 e que a Fábrica de Loiça de Sacavém viria também a produzir pouco depois.
Keith
Murray nasceu em Auckland, Nova Zelândia, e chegou à Grã-Bretanha em 1906 onde viveria
grande parte da sua vida.
Após
participar na I Grande Guerra, onde serviu na Royal Flying Corps, estudou arquitectura na Architectural Association School of Architecture, em Londres, onde se
licenciou em 1921.
Não
tendo encontrado grandes possibilidades de trabalho enquanto arquitecto na década
de 20, durante um curto período trabalhou como ilustrador, e acabou por
encontrar trabalho enquanto designer.
Em
1925 havia visitado a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais
Modernas, de Paris, onde descobriu o design do vidro escandinavo e de outras
vanguardas continentais europeias.
Influenciada
pela Exposição de Artes Industriais Suecas (Exhibition
of Swedish Industrial Art), em Londres, de 1931, a empresa Stevens
& Williams, em Brierley Hill, produtores de vidros de qualidade, contratou Murray,
a tempo parcial, em 1932, para conceber modelos para a sua firma, colecções que
viriam a público nesse mesmo ano.
A
partir de 1933, também a tempo parcial, passou a trabalhar na fábrica Josiah
Wedgwood and Sons, Ltd., concebendo modelos para cerâmica - jarras e serviços
de mesa. O desenho claro e a simplicidade funcional destas suas peças combinavam
os objectivos do Movimento Moderno com o classicismo setecentista inglês. As formas
geométricas, depuradas, maciças, monumentais sintetizam o modernismo e a art
déco britânicos dos anos 30. Simultaneamente desenha peças de prata para a firma
Mappin & Webb.
Em
1936 estabelece um atelier de arquitectura com C. S. White e faz os projectos
da nova fábrica Wedgwood em Barlaston (1938-40).
Depois
da II Guerra Mundial voltou à arquitectura
enquanto sócio da empresa Murray, Ward & Partners, que funda, em 1945, com
o seu colega neozelandês Basil Ward. Abandona o design industrial em 1948, mantendo-se ligado à arquitectura até se reformar em 1967.
Regressa à Nova Zelândia, em data que não conseguimos apurar, onde morre
em Auckland.