quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Jarra art déco com riscas verdes – Vista Alegre





Jarra de porcelana moldada, em forma de campânula ou sino invertido, assente sobre anel arredondado de onde parte um pé suavemente contracurvado. De cor branca mate, recebeu decoração estampilhada e aerografada (?) a verde, em listas que cingem o terço superior e o terço inferior da jarra, e a quase totalidade do pé, ressaltando o seu rebordo e o anel que ficaram em reserva. No fundo da base, carimbo verde V.A. Portugal - marca nº 31 (1924-1947) - e, inscrito na pasta, 8-5.
Data: c. 1930-35
Dimensões: 16,2 cm x 12,5 cm



De linhas art déco na sua vertente modernista, o modelo é alemão e a decoração certamente da mesma origem. A presente jarra tem a curiosidade de, sendo de porcelana, ter recebido um acabamento que a faz assemelhar-se a uma peça de faiança, tão em voga na época. Esta forma, recorrente em muita produção alemã, dos anos 20 e 30, nas mais diversas fábricas e em diferentes materiais, é aqui igualmente ilustrada, a título de exemplo, por uma peça da Rosenthal Keramik, de modelo idêntico. 


sábado, 26 de janeiro de 2013

Prato de suspensão art déco com pássaro azul – Lunéville - França




Prato de suspensão circular, de faiança moldada, em forma de lente. De cor branca com decoração estampilhada e aerografada, policroma, com motivo estilizado de pássaro sobre ramo com bagas na parte central, simulando covo, cingido por uma falsa aba delimitada por duas faixas concêntricas, constituídas por segmentos curvos e tracejados a azul. A ave, certamente um pombo, apresenta contornos, bico, olho e apontamentos de penas, bem delineados a preto, que delimitam o azul do preenchimento, deixando partes em reserva. Patas a ocre, da mesma cor das bagas que pendem de ramos a preto emoldurando a ave. No fundo da base, carimbo verde «K et G» «Lunéville» «France». Inscrito na pasta HO(?).
Data: c. 1925
Dimensões: Ø 25,5 cm


Mais uma decoração criada por Géo Condé (1891-1980) para a fábrica de Lunéville - Keller et Guérin.

O grafismo limpo da composição segue as premissas já referidas em relação aos trabalhos, segundo a técnica da estampilha e do aerógrafo, deste autor, de que já mostrámos exemplos e que esperamos continuar a ilustrar. 


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Grupo escultórico «Família de Veados» - Aleluia-Aveiro




Peça de faiança moldada representando um grupo escultórico de três veados – macho, fêmea e cria – de pé sobre uma base plana de recorte polifacetado irregular. As figuras apresentam uma estilização que arriscamos dizer de raiz neo-cubista. De cor creme, as partes côncavas dos corpos e orelhas, assim como olhos, focinhos e hastes, são realçadas a castanho esponjado (?). No fundo da base, carimbo azul quadrangular, seccionado em quatro partes com representação de jarra, sobrepujando «Aleluia Aveiro» e, pintado à mão, «1004» «A».
Data: c. 1955-65
Dimensões: Comp. 21,2 cm x larg. 10,8 cm X alt. 21 cm


Esta peça surge um pouco fora do contexto das nossas colecções. Adquirimo-la por ostentar um carimbo distinto de todos os demais que possuíamos. Naturalmente, também não fomos indiferentes à curiosidade da mesma.

A utilização de cervídeos para criar peças decorativas escultóricas ou pictóricas tem uma longa tradição. No período Art Déco usou-se e abusou-se do tema, incluindo aplicado à bidimendionalidade de objectos cerâmicos de vária ordem. 


O apreço por estes simpáticos animais manteve-se no tempo, reforçado que foi no imaginário popular graças a uma célebre figura do cinema de animação, estreado em 1942, dos estúdios Disney, a desprotegida figura de Bambi que, em versão tridimensional de ferro - feito pelo serralheiro José Maria Tavares (1917-2010), encimou o alpendre da fachada da sapataria com o mesmo nome na Praça Duque de Saldanha, 31, em Lisboa. Outros cervídeos também constam entre os temas que configuram os célebres «entalados», apostos sobre entradas de edifícios de c. 1940 a 60, (veja-se o exemplar da Rua Jacinto Marto, nº 2, no gaveto com a Rua Passos Manuel).

Embora pudesse ainda estar presente a imagem do filme referido, o conjunto aqui representado, foge, do ponto de vista estilístico, às formas arredondadas das figuras do mesmo, apresentando estas uma estilização angulosa, como que talhadas em facetas. Gosto que o próprio cinema de animação da Disney vai reflectir nos finais da década de 50 (veja-se A Bela Adormecida, de 1959).

Quanto a uma cronologia mais precisa da presente estatueta decorativa da Aleluia-Aveiro, CMP, certamente, afinará melhor a sua datação, podendo mesmo, eventualmente, conhecer algo sobre a sua autoria.