domingo, 30 de setembro de 2012

Jarro art déco da Electro Cerâmica - Candal


Jarro de porcelana moldada, branca com gargalo liso a vermelho e bojo gomado com filetes a ouro a realçar cada gomo. Filetes também a ouro delineando bocal e asa. No fundo da base carimbo verde EC inscrito num quadrado na oblíqua sobrepujando o nome Candal. Inscrito na pasta «h16»(?).
Data: c. 1945
Dimensões: Alt. 15 cm



Esta peça é, mais uma vez, uma reprodução de um modelo alemão dos anos 20, neste caso produzido pela fábrica Bauer & Pfeiffer – Württemberg de que mostramos dois exemplares recolhidos da net.

A fábrica de porcelana Bauer & Pfeiffer, fundada em 1904, por Carl Maria Pfeiffer e Richard G. Bauer, na cidade de Schorndorf, no então Reino de Württemberg (estado que existiu de 1806 a 1918 e que sucedeu ao Ducado de Württemberg, integrando  actualmente o estado de Baden-Württemberg). A empresa foi dissolvida em 1931 devido a problemas financeiros.

sábado, 29 de setembro de 2012

Cinzeiro art déco zoomórfico “Foca” - Electro Cerâmica - Candal


Cinzeiro de porcelana moldada representando uma foca estilizada, branca com concavidade a amarelo, cor que aparece também pontuando olhos e focinho. O animal apresenta a cabeça voltada para trás e a cauda dobrada sobre o corpo formando asa. Pela simplificação das formas insere-se ainda no espírito da produção animalística art déco. Na base, carimbo verde EC inscrito num quadrado na oblíqua sobrepujando o nome Candal.
Data: c. 1945
Dimensões: Comp.: 13x larg. 11cm x alt. 10,5





Numa das exposições no Museu Nacional do Azulejo, em 2009, no conjunto de peças adquiridas pelos Amigos do Museu apareceu um modelo semelhante, em que a foca, cuja imagem reproduzimos, era totalmente no mesmo tom de amarelo e com função meramente decorativa. Junto a ela aparece um passarinho cubizante da Vista Alegre que também já postámos em versão amarela.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Escultura art déco de «papagaio-do-mar» de Fritz Klee - Zeh Scherzer


Peça escultórica figurando uma ave – um papagaio-do-mar (Fratercula arctica) do Atlântico norte – de porcelana moldada branca, criada pelo Prof. Fritz Klee. Apesar do naturalismo com que a escultura foi concebida, com um rigor e um detalhe que diríamos científico, a opção cromática, reduzida ao ouro aplicado apenas nas patas, no largo bico e nos olhos, com discretos apontamentos a preto realçando unhas e pupilas, confere-lhe uma leitura outra. O animal pousa sobre um soco circular. em calote abatida, subtilmente ornado por uma fiada de contas oblongas, em relevo, e inferiormente realçado por faixa a ouro, que o remete para uma gramática art déco conservadora mas muito requintada, característica da produção animalística do professor Fritz Klee (1876-1976), de quem já tivemos oportunidade de escrever em post anterior a uma outra sua peça dedicado, que criou para a o departamento de arte da fábrica de porcelana Hutschenreuther. No fundo da base, carimbo azul com brasão e Zehscherzer,complementado por «Papageitucher» e «Anno 1919» a ouro
Data: 1918.
Dimensões: Base 12,5 cm x alt 22 cm



A fábrica de porcelana Zeh Scherzer & Co., no estado da Baviera, foi fundada em 1880, em Rehau, acabando por encerrar em 1992. A partir desta data foi integrada no grupo «Allerthal A.G.». O carimbo que se encontra nesta peça, com o brasão de um cervídeo correndo entre duas árvores, numa estilização art déco, foi utilizado entre 1918 e c.1930, período em que a denominação aparece numa única palavra: «Zehscherzer», por vezes complementada por «Bavaria».


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Jarra com escorridos Angélico – Caldas da Rainha


Jarra bojuda de barro vermelho modelado à roda (?), de forma bulbosa, vidrado de escorridos com sobreposição de diferentes tons de terra (dos ocres mais claros aos castanhos mais escuros). No fundo da base, impresso na pasta, carimbo ANGELICO - CALDAS DA RAINHA.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. c. 17 cm


Estamos em crer que se trata de uma peça de Afonso Duarte Angélico (1912-1977) ou, pelo menos, da pequena oficina artesanal que herdara de seu pai João Duarte Angélico (1878-1926), nas Caldas da Rainha.

Afonso Duarte foi aluno da Escola Industrial e Comercial Rafael Bordalo Pinheiro, na sua vila natal. Aquando da morte do pai, em 1926, Afonso Duarte, então com 14 anos, juntamente com sua mãe Olinda, dá continuidade à laboração da unidade fabril familiar.
A jarra que hoje apresentamos denota a influência das peças com escorridos tradicionais que as fábricas das Caldas vinham fazendo desde o século anterior, e que vão ser recuperados na paleta cromática dos tons de terra nos anos 30. Daí a nossa datação aproximada. A ela não será também alheia a influência da Fábrica Rafael Bordalo Pinheiro que à época estava também a produzir uma série de peças, sobretudo jarras, com escorridos muito semelhantes. Teremos oportunidade de mostrar algumas da dita fábrica e de outras produções caldenses.

A forma insere-se no contexto art déco de feição modernista, de linhas depuradas, e os escorridos seguem a tendência do momento da produção local mas também internacional, sobretudo alemã. Veja-se o exemplo da jarra da esférica da Villeroy & Boch - Luxemburg, de cerca de 1930, que encontrámos na net e que reproduzimos.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Caixa art déco «formato moinho» - Sacavém


Caixa de faiança moldada e relevada, um açucareiro ou boião para mel, em forma de moinho, vidrado marfim, craquelé, e ouro. A tampa é formada pelo telhado cónico, a ouro, e metade das velas do moinho. Na taça, troncocónica, os realces a ouro destacam os vãos, os “tijolos” da “parede esboroada” e a base formando soco. O “edifício” é ainda envolvido por vegetação estilizada, num grafismo art déco, também a ouro. No fundo da base, carimbo verde Gilman & Ctª – Sacavém e Made in Portugal.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 11,3 cm x Ø máx. 10 cm




Objecto lúdico, mais que funcional, remete-nos para o universo infantil da banda desenhada ou do cinema de animação que se fazia nos anos 20-30.

A «caixa, formato moinho» aparece referenciada com o n º 99 nas tabelas de preços de faianças decorativas de 1928-1966.
 
 
Na fotografia, gentilmente cedida pelo Museu de Cerâmica de Sacavém -Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso (MCS-CDMJA), o modelo aparece acompanhada por um boião para mel, formato colmeia; e uma figura de cão deitado.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Escultura art déco craquelé de mulher oitocentista - CAF


Peça escultórica, de faiança moldada, craquelé, de cor rosada, representando uma senhora oitocentista com o seu vestido amplo, casaco, laço e mãos dentro de um regalo, estilizada ao gosto art déco. No interior, oco, o carimbo preto com a sobreposição das letras CAF. No frete, inscrito na pasta, nº 420
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 19,5 cm x Ø base oval: 13,3 x 11,5 cm


O escultor, que infelizmente desconhecemos, simplificou a figura feminina e o seu vestuário pesado oitocentista a um volume, quase um cone, de formas estilizadas arredondadas, apenas vincadas na subtil transição e sobreposição das peças de vestuário de uma indumentária de Inverno. Ao que parece, não são fáceis de encontrar peças de cerâmica da CAF.
Prolongamento dos ateliers de arte de La Maîtrise, a CAF- Compagnie des Arts Français foi fundada, em 1919, por Louis Süe (1875-1968) e André Mare (1885-1932), que a dirigiram até aos finais de 1928 quando foi nomeado director da prestigiada Companhia o designer Jacques Adnet (1900 –1984) que a dirigiu até 1960. A Companhia produzia a gama completa de artigos de decoração, do mobiliário aos tecidos, cerâmicas, etc.

A equipa incluía, entre muitos outros, os decoradores François Jourdain, Charlotte Perriand ,os pintores Raoul Dufy, Fernand Léger, Marc Chagall e Georges Jouve, os ceramistas Jean Besnard, Guiedette Carbonnell e Paul Pouchol.

As realizações mais célebres da Companhia são a decoração do Collège de France, o escritório de trabalho do Presidente da República francesa em Rambouillet, a decoração do edifício da UNESCO, para além de grandes paquetes.

Descobrimos uma caixa «La Maitrise», fabricada pela Boch Fréres Keramis aqui, muito idêntica. Provavelmente do mesmo autor, mas a estilização da forma é neste exemplar profundamente alterada pela policromia de pendor naturalista.

domingo, 23 de setembro de 2012

Serviço de café art déco – Vista Alegre



Serviço de café de porcelana moldada, de cor branca decorado por filetes encarnados e a ouro. O modelo, dentro das linhas modernistas da art déco, de inspiração Bauhaus, é certamente alemão, como se pode ver em exemplar vendido, no caso um serviço de chá, na Elements Gallery, em Telaviv, cuja fotografia mostramos. No fundo da base, carimbo verde «V.A. Portugal» (Marca 31: 1924-1947), comum a todas as peças. Acresce na cafeteira, leiteira e açucareiro o nº 1,  a ouro, pintado à mão e, nas duas primeiras, inciso na pasta, também à mão, «lib»(?). A leiteira porta ainda «FB10» a ouro, pintado à mão. Nos pires o carimbo da fábrica é acrescido de «4-4» estampado na pasta.
Data: c.1935
Dimensões: Várias






A Vista Alegre atribuiu a (estranha) designação formato «Samuel c/ carapeta alta» a este modelo germânico, conforme catálogo de serviços «Porcelanas Portuguesas Vista Alegre. Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, Lda», posterior a 1947.

sábado, 22 de setembro de 2012

Jarra Arte Nova “Dedaleiras” - Royal Copenhagen




Jarra ao gosto Arte Nova japonizante, de porcelana moldada, pintada, em tons pastel, com dedaleiras em flor, brancas e folhagem verde acinzentada, sobre fundo cinzento azulado, numa única face. No fundo da base, carimbo verde, com coroa, da "Royal Copenhagen”, e, pintados à mão, também a verde, nºs 755 (decor) e 232 (forma/modelo). Pintado à mão, a azul, três ondas e nº 94 (do pintor). Inscrito na pasta, 232 CL.
Data: c. 1900 (Marca c. 1889 – 1922)
Dimensões: alt c. 23 cm

O modelo, criado em 1899, é da autoria de Arnold Krog, o mesmo criador da peça da Royal Copenhagen anteriormente apresentada.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Jarra «ovo» art déco - Longwy


Jarra de faiança moldada, de forma ovóide assente sobre três pés em bola, craquelé, esmaltada com decoração floral estilizada ao gosto art déco. Sobre um fundo azul-escuro, flores dispersas, a azul pálido e centro a ouro, com folhagem turquesa, segundo a técnica do “relevo contornado” ou corda seca, cobrem de maneira aparentemente aleatória o bojo. No fundo da base, carimbo preto com brasão simples "LONGWY FRANCE" e "D.5202" (Decor).
Data: c. 1925
Dimensões: Alt. 18,5 cm




quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Jarra art déco “Pelicanos” da Fabrica Rafael Bordalo Pinheiro – Caldas da Rainha


Jarra de faiança moldada e relevada, de cor monocroma azul-escura e vidrado brilhante, ao gosto art déco. Em forma de balustre, com pé saliente e gargalo evasé, o bojo piriforme é enquadrado lateralmente pela estilização do símbolo heráldico das Caldas da Rainha, o pelicano. Os pescoços e cabeças das aves formam as asas pequenas da jarra. Toda a estilização do animal, que alimenta três crias no ninho, remete para um geometrismo rígido e hierático. As penas assemelham-se a escamas e lâminas de metal. O ninho cónico, pelo contrário, tem uma estilização mais orgânica. Do estrangulamento do colo pendem triângulos em relevo, opondo-se dois de maiores dimensões entre as asas das aves, e quatro mais pequenos ladeando as suas cabeças. No fundo da base, impresso na pasta, carimbo circular da Fabrica Rafael Bordalo Pinheiro com a característica rã. Igualmente carimbados e impressos na pasta A L e 5.
Data: c. 1930-40
Dimensões: Alt. 33 cm



Estamos em crer que este modelo, tal como três outros anteriormente apresentados, faça parte de uma mesma série criada pela Escola Comercial Rafael Bordalo Pinheiro.

Todavia, esta peça será a mais ligada ao imaginário e à história locais dado remeter para as armas da cidade, que são constituídas pelo brasão da rainha D. Leonor, ladeado pelo camaroeiro, seu emblema, e pelo pelicano, emblema de seu marido o rei D. João II.

As Caldas da Rainha tiveram origem no hospital termal e povoação fundados pela soberana em 1485. O povoado adquiriu a dignidade de vila logo em 1511.
 

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Dois pratos de serviço de mesa art déco criado por Marcel Goupy para a Casa Rouard



Pratos de faiança moldada e relevada de um serviço de mesa art déco editado pela casa Rouard, desenhado por Marcel Goupy. De cor branca, as abas são subtilmente recortadas e relevadas nos bordos, destacando-se, a preto, seis motivos incisos tendencialmente triangulares, desenho que lhes confere uma forma floral. Um filete rosa-malva faz a transição para o covo em cujo centro se destaca um medalhão circular com decoração estampada e estilizada a preto e rosa-malva, de diferentes motivos de cervídeos entre vegetação. Os animais, praticamente reduzidos a silhuetas, recortam-se na cor de fundo e entre a vegetação rosa-malva. Enquanto no prato raso um único animal, uma corça, salta, no prato de sobremesa um veado e uma corça descansam. Ambas as peças, no fundo da base, têm carimbos a preto com a assinatura M. Goupy e, dentro de uma cartela representando em corte uma taça, Rouard – France. Inscrito na pasta, no prato raso, B5 e, no prato de sobremesa, B9.
Data: c. 1925
Dimensões: Prato raso Ø 25,5 cm; prato sobremesa Ø 23,5 cm


Marcel Goupy (1886-1954) estudou na Ecole Nationale des Arts Decoratifs de Paris, onde estudou arquitectura, escultura e decoração de interiors. Foi um talentoso pintor, joalheiro e ourives, mas acabou por se tornar célebre como ceramista antes de se converter também em artista do vidro de reconhecido mérito.
Iniciou a sua colaboração com a casa de George (Géo) Rouard em 1909, onde entra em 1919 para se encarregar da loja de decoração de Paris.
Após a morte de Rouard, em 1929, Goupy tornou-se director artístico da firma continuando a desenhar modelos e decorações para cerâmicas e vidros, até 1954, ano da sua morte.
Ao longo da extensa carreira de designer participou em numerosas exposições quer em França quer no estrangeiro.


As origens da Casa Rouard remontam à compra, em 1909, do estabelecimento «A la Paix», na Avenue de L’Ópera, 34 – Paris, que George (Géo) Rouard havia adquirido a Jules Mabut. Especializada na venda de artigos de mesa, com destaque para as cerâmicas e vidros, não só de Goupy, mas também de outros colaboradores, caso de René Buthaud, Émile Decoeur, François Decorchemont, Jacques Lenoble, Maurice Marinot, Henri Simmen, Lalique, Jean Luce, etc., Rouard torna-se, assim, uma personagem incontornável do movimento Art Déco ao promover os mais importantes artistas das artes decorativas da França de então.


Não por acaso, Rouard tinha criado, antes da Grande Guerra, em 1913, o grupo Les Artisans Français Contemporains.
A Casa Rouard participou na Exposição de 1925 com os seus artistas, partilhando um pavilhão com Jean Puiforcat e a revista Art et Décoration, concebido pelo arquitecto Henri Pacon.
Rouard tinha uma dupla vocação enquanto marchand e editor. Por um lado a peça única, por outro a edição semi-industrial, caso do serviço de mesa de Goupy, cujo modelo, de que hoje apresentamos dois pratos, esteve exposto mas com outra decoração na referida exposição (ver aqui).

Goupy não só participou com peças no pavilhão La Revue Art et Décoration et le groupe des Artisans Français Contemporains mas também apresentou outras em diversos pavilhões e foi membro do júri para os trabalhos em vidro.