quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Conjunto para chá art déco Edelstein - Alemanha


Conjunto para chá composto por três peças – chávena, pires e prato para bolo – de porcelana branca com decoração policroma estampada, dentro da gramática art déco. As abas e o seu correspondente interior na chávena são decorados por um friso onde composições florais, a azul, de estilização geométrica, alternam com meias-flores, a ouro, também estilizadas, (em número de quatro na chávena e pires, e de cinco no prato) que como sóis nascentes despontam por detrás de faixa que circunda o covo. Esta é cor-de-rosa delimitada por filetes a vermelho e exteriormente circundada por filete a ouro. Filete também a ouro circunda o bordo das peças. Um círculo, a ouro, marca, ainda, o fundo da chávena. Esta, de bojo contracurvado que ostenta zig-zag relevado na parte inferior, assenta sobre pé saliente delimitado por filetes a ouro. A asa, também contracurvada, em três segmentos, é realçada a ouro pelo exterior, apresentando a parte interior do segmento intermédio a vermelho. No fundo da base e comum às três peças, carimbo verde Edelstein-Bavaria, acrescido, na chávena, de 4194 e 39, pintados à mão a ouro, no pires, de “THEA”, certamente o nome do modelo, carimbado a verde e 4194 e 39, carimbados a ouro, no prato para bolo 4194 e 0 igualmente carimbados a ouro.
Data: c. 1925-30
Dimensões: prato de bolo Ø 19,5 cm, pires Ø 15,5 cm, chávena: alt. 5,5 cm

 
Este conjunto para chá que hoje apresentamos será o primeiro de uma série de diferentes modelos e fábricas, de porcelana, que tencionamos mostrar. Na sua incrível variedade, imaginação e, por vezes exacerbamento das formas e decorações, representam bem o espírito dos “loucos anos 20” da burguesia alemã. Um contraponto à produção da faiança para consumo de massas socialmente implicado e, de alguma maneira, uma afirmação de classe. No entanto, ambas comungando de um desejo de modernidade e alegria e pressentindo-se efémeras.

O desejo de esquecer a Guerra e o receio de um futuro que se mostrava incerto, partilhado por toda uma geração que nela participou, levou a uma explosão de criatividade sem precedentes, dando um novo sentido ao conceito clássico do carpe diem. Se esta explosão criativa foi mundial, na Alemanha atingiu uma intensidade que, por vezes, raiou o irracional. Esta é uma das razões de ser da nossa atracção e fascínio pela criação artística da República de Weimar. Aqui restringida, evidentemente, à cerâmica. Desde a racionalidade mais fria da Bauhaus ao Art Déco mais excêntrico.

Sobre a fábrica Edelstein já aqui expusemos o pouco que sabemos em post anterior.
 


 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Prato de cozinha art déco com flores a azul e verde - Sacavém


Prato de cozinha de faiança moldada, formato circular com aba larga. Sobre a cor branca de fundo recebeu decoração estampilhada de flores estilizadas ao gosto art déco, a azul-escuro e verde, que formam medalhão ao centro e friso na aba, rematado por filete amarelo que salienta o bordo e que se repete na transição da aba para o covo. Na base, carimbos verde Gilman & Ctª – Sacavém – Portugal e 1.
Data: c.1930
Dimensões: Ø 32,5 cm x alt. 5,5 cm
 

Trata-se da decoração nº 1006 “para malgas, pratos de cosinha e cazoletas”, conforme indicado no catálogo de desenhos da Fábrica de Loiça de Sacavém, que aqui reproduzimos, existente no Centro de Documentação do respectivo Museu (MCS-CDMJA), cujos créditos e colaboração agradecemos. Quanto a nós, a inspiração gráfica da decoração será francesa.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Caixa com pássaros com vidrado brilhante - Aleluia-Aveiro


Em tudo idêntica à peça apresentada anteriormente, apenas a cor base creme apresenta um tom amarelado vidrado brilhante com os destaques a ouro igualmente brilhantes. Na base, carimbo a ouro, circular com Aleluia, e x pintado à mão, a ouro, no centro, sobre rectângulo com Aveiro e, por baixo, rectângulo com Fabricado Portugal. Pintado à mão, a ouro, x - 382 - AJ
Data: c. 1950-1955
Dimensões: Ø 15,3 cm X alt. c. 8,2 cm


Caixa com pássaros mate - Aleluia-Aveiro


Caixa em forma de cilindro baixo com seis pés subtilmente salientes. A tampa apresenta pega em forma de dois pássaros afrontados. Cor base creme mate com faixa, filetes e apontamentos a ouro igualmente a mate. Na base, carimbo do cinquentenário, a verde, com indicação Fábrica Aleluia 50 anos sobrepujando, em numeração romana, MCMV e MCMLV. Pintado à mão, a ouro, x382 - J e, junto a um dos pés, um 0 traçado.
Data: 1955
Dimensões: Ø 15,3 cm x alt. c. 8,2 cm



Nas comemorações do cinquentenário da fábrica, 1905 – 1955, muitas peças receberam este carimbo evocativo.
 
 
Trata-se de mais uma peça da “fase de transição”, na nossa classificação de colecionadores amadores, entre a produção art déco propriamente dita e neo-renascentista produzida entre cerca de 1935-45, de tons mais carregados, e tendencialmente bi ou tricromáticos, e a produção moderna de meados dos anos 50 que vai revolucionar toda a produção cerâmica nacional com as suas espectaculares peças escultóricas e o optimismo das suas cores vivas.

A proximidade geográfica da fábrica de faiança da Aleluia-Aveiro e da fábrica de porcelana da Vista Alegre, com a natural circulação de modelos e trabalhadores entre elas, refecte-se, por vezes, em peças específicas. A propósito da caixa «Miguel» da Vista Alegre, CMP chamou-nos a atenção para as semelhanças desta com uma base de candeeiro produzido em faiança, anos mais tarde pela Aleluia, que utilizava a mesma sugestão de capitonné como solução decorativa aplicada a um outro tipo de objecto. Também em relação à caixa de hoje, vemos nela refectida essa influência, dado que nos parece ter tido por inspiração uma peça criada e produzida pela Vista Alegre em 1938 (ver foto). Na peça da Aleluia-Aveiro a pega transforma-se em dois pássaros afrontados estilizados, que contribuem ainda mais para a estética tardo art déco que esta peça evidencia.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Jarra art déco Camille Tharaud - Limoges

 

Jarra de porcelana moldada, de forma ovóide estrangulada no gargalo que abre num bocal saliente. Apresenta cor de fundo manchada de vários tons de castanho-escuro sobre o qual, no bojo, foi aposta uma decoração muito art déco, em zig-zag, intercalando verde-turquesa com castanho-mel. Os vértices superiores desta última cor prolongam-se em cinco faixas veriticais em direcção ao gargalo. Interior branco. Na base, carimbos a azul: CTharaud e verde: France-CT-Limoges. Inscrito na pasta M L (?) que serão as iniciais do decorador.
Data: c. 1930
Dimensões: alt 23 cm x diâm. 10 cm
 

domingo, 19 de agosto de 2012

Bases de candeeiro art déco com motivos folclóricos - Sacavém



Par de bases de candeeiro de cerâmica moldada e relevada, de cor creme, em forma de balaústre com friso policromo com motivos populares regionais. Na base, carimbo azul Gilman & Ctª – Sacavém Portugal. Em relevo na pasta nº 380.
Data: c. 1930 - 40
Dimensões: alt. 13,5 cm



Apresentamos fotografia antiga, proveniente do acervo do Centro de Documentação do Museu de Cerâmica de Sacavém (MCS-CDMJA), cuja colaboração agradecemos, onde surge com a designação de «jarra para candeeiro com figuras regionais»,. A peça aparece referenciada sob o nº 380 nas tabelas de preços de faianças decorativas, 1945-1966. Na tabela de 1945, consta a designação de «jarra candeeiro, formato regional». Tal como acontecia com a fotografia do peixe do “Pintor Reis” anteriormente postada, também no verso desta aparece a nota: «Enquiry from: Cape Town». As questões que então levantámos mantêm-se.


 Já aqui havíamos mostrado uma peça em que o folclore como leit-motiv para a arte moderna foi utilizado. Tratou-se da placa cerâmica com vendedor de peixe da Fábrica Lusitânia de Lisboa que hoje voltámos a repescar a propósito do tema e porque encontrámos um postal ilustrado que lhe terá servido de modelo.


O folclore é um dos elementos constitutivos da modernidade. Se vai ser fonte de inspiração para a geração do primeiro modernismo português (caso de Sousa Cardoso, Viana, Almada, …), em consonância com os demais movimentos artísticos europeus, graças às especificidades culturais e políticas do nosso país, eterniza-se até aos inícios da segunda metade do século XX.


Datado de 1923, um friso decorativo policromo, da autoria de Bernardo Marques, correndo as paredes junto à sanca de uma sala da casa de António Ferro e de Fernanda de Castro, na antiga Calçada dos Caetanos (desde 1963 Rua João Pereira da Rosa), trazia para um interior, que se pretendia actual, a temática estilizada de danças populares (ver foto). Os motivos populares já então eram vistos por Ferro como elementos de afirmação nacionalista. Para o futuro ideólogo da «Política do Espírito» do consulado salazarista, o folclore devia ser fonte inspiradora de modernidade para os artistas nacionais, que assim seriam «modernos sem deixar de ser portugueses». A cultura com António Ferro era simultaneamente um veículo de propaganda e um instrumento de controlo social. «(…) a sua principal preocupação não era a criação e difusão das ideias do regime, mas a criação de meios de ocupação dos "tempos livres" dos portugueses. Estes constituíam um tempo potencialmente perigoso para o poder se não fosse organizado. A contribuição mais significativa de António Ferro foi, (…), ter mostrado que as múltiplas manifestações culturais podiam ser organizadas de modo a predisporem os indivíduos para certas formas de comportamento e pensamento espontâneo. (…) A [sua] grande promoção cultural centrou-se contudo em volta da cultura popular, que tinha nas romarias, arraiais e feiras a (…) expressão mais genuína. (…) procurou criar uma grande encenação não apenas para os estrangeiros, mas sobretudo para consumo interno. Uma vasta equipa de artistas e intelectuais, (…) ao longo dos anos (…) foi pacientemente reelaborando as grandes manifestações populares em termos plásticos mais modernos, apresentando-as em seguida como expressões genuinamente populares. Fragmentos de memórias locais são pretexto para a criação de tradições centenárias. A confusão entre o falso e o autêntico era total. A promoção da cultura erudita junto do povo, foi neste contexto limitadíssima, pois a mesma correspondia a um desvio à integração do povo numa cultura popular que se lhe apresentava como exaltante.» (Para mais ver aqui)

O friso que encontrámos na casa de António Ferro, com a sua estética art déco de raiz folclórica, está na génese de todo um gosto estético que perdurou décadas na arte feita em Portugal, sobretudo nas chamadas artes decorativas.

Segundo Rui Afonso Santos, a primeira tentativa de introduzir vidros pintados com motivos folclóricos feita pelos artistas plásticos Sarah Afonso, Ofélia e Bernardo Marques, apresentados no II Salão de Outono organizado pela revista Contemporânea, faz-se em 1926. Contudo, sem sucesso. Já os jarros e copos de água desenhados e decorados por Jorge Barradas, a partir de 1929, para a CIP - Companhia Industrial Portuguesa, na Marinha Grande, teve tanto êxito que, no ano seguinte o mesmo artista vai conceber uma linha de jarras também com motivos do folclore nacional para decorar os quartos do Palace Hotel do Estoril que então abria portas. Os consumidores mantiveram-se fiéis a estes motivos e, ainda em 1941, Jorge Barradas desenhava vidros com a mesma temática. Veja-se o copo «Algarve».


Tal sucesso motivou um surto de objectos utilitários e decorativos de temática folclórica em diversos suportes, do vidro à cerâmica, do ferro forjado à ourivesaria, feitos por outros autores que, com maior ou menor criatividade, cimentaram um gosto que se manteve até, pelo menos, aos anos 60. Isto para não falar das artes gráficas onde a temática remontava à primeira geração modernista. Deixamos aqui alguns exemplos ilustrativos, sendo a maioria dos vidros da Marinha Grande (esta matéria daria um blogue interessante, mas não temos disponibilidade para o fazer).


Em relação a Piló [Manuel Júlio Piló Santos (1905-1988)], cuja série de desenhos criados em 1935 darão origem a uma colecção de postais, decorarão vidros fabricados pela CIP e porcelanas da Vista Alegre e mesmo pratas, a ele haveremos um dia de dispensar maior atenção.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Tinteiro “flor” da Aleluia-Aveiro



Peça de faiança moldada e relevada, policroma, composta por três partes: o recipiente exterior onde encaixa o tinteiro propiamente dito e tampa. Em forma de flor, com pétalas caneladas, em dois tons de amarelo com contornos e estames a castanho-escuro que se dobram sobre uma base lisa verde-escuro, e centro (tampa) laranja debruado a castanho. Na base, carimbo castanho Aleluia-Aveiro, Fabricado Portugal e, pintado à mão, 121 A.
Data: c. 1935 - 45
Dimensões: Ø 11 cm x alt. 5 cm




A forma de flor remete ainda para um gosto Arte Nova, embora uma certa estilização já aponte noutro sentido. Devido ao muito uso que teve, o interior da tampa e o bordo externo do corpo do tinteiro estão tingidos de azul.

Dada a fragilidade muito feminina da peça e o seu uso intenso, surpreende-nos que tenha chegado até hoje completa.

Encontra-se representado no Catálogo de loiças decorativas das Fábricas Aleluia. Aveiro, de inícios dos anos 40 com o Nº 121 – A

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Taça art déco Argenta com peixe - Gustavsberg

Como gostamos de saltar do objecto utilitário para o objecto sumptuário, hoje trazemos mais uma peça da linha Argenta criada por Wilhelm Kåge. O que não quer dizer que, em termos de mercado, o seu valor seja superior ao de certas caixas de faiança aerografada. Bem pelo contrário.


Taça de grés, com representação de um peixe e bolhas de ar em aplicação de prata sobre fundo esmaltado vermelho mosqueado. Bordo debruado por semi-círculos de prata embutida. A calote esférica assenta sobre pequeno pé com filete de prata. Na base, carimbo dourado com Gustavsberg, seguido do símbolo “Âncora”, Argenta 1094 IV e Made in Sweden.
Data: c. 1940
Dimensões: Ø 15 cm x alt. 5 cm

Apesar de mais raras, as peças da linha Argenta podem apresentar outras cores para além do verde mosqueado convencional como já dissemos. O vermelho parece que só é introduzido na produção dos anos 40. O efeito estético é magnífico, sendo esta taça um bom exemplo da elegância da chamada

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Taça art déco com motivo de pavões - Badonviller


Taça decorativa (talvez uma fruteira) de faiança fina, com motivo decorativo estampilhado de três aves (pavões) estilizadas ao gosto art déco, da fábrica de faiança Fenal, em Badonviller. Na base, carimbo a preto, F [de Fenal] envolvido por Badonviller – France, e 33.17. Carimbo castanho ==. Inscrito na pasta E [estrela] 25.
Data: c. 1920
Dimensões: Ø 28,5 cm x alt 5 cm

A decoração será de Géo Condé que, como já dissemos, trabalhou para as três fábricas propriedade da família Fenal, entre as quais se conta Badonviller.


Badonviller remonta a 1828, quando Nicolas Fenal se torna proprietário de uma olaria fundada em 1719, em Pexonne (Meurthe-et-Moselle). Após a sua morte, em 1857, sucedem-lhe seus filhos e sobrinhos que criam a marca Fenal Frères (FF). Um dos sobrinhos, Théophile Fenal, decide abrir a sua própria fábrica em Badonviller, tornando-se, assim, concorrente da outra unidade fabril em Pexonne.

Edouard. Em 1921 a família Fenal compra as fábricas de Lunéville e de Saint-Clément, qBadonviller a ser dirigida por seu filho Bernard. Para mais detalhes ver aqui.

Por oposição à jarra Rosenthal anteriormente postada, apresentamos agora uma taça de faiança onde claramente nos apercebemos de como a junção das mesmas técnicas económicas da estampilha e do aerógrafo são aplicadas em França com um espírito decorativo completamente diferente. Aqui a estampilha define com toda a exactidão os contornos do desenho, delimitando claramente as cores que são vivas, lisas e espessas, não dando lugar às gradações cromáticas permitidas pelo sfumato da pintura a aerógrafo tão usado pelos alemães. A França pouco cede à tentação do desenho mais vanguardista, apostando sobretudo na estilização de motivos facilmente reconhecíveis, sobretudo de animais e de flores, estilizados e, muitas vezes, geometrizados.

Curiosamente, em Portugal assiste-se a uma certa oscilação entre estas duas tendências, como teremos oportunidade de ir ilustrando.

Jarra art déco com decoração abstracta aerografada da Rosenthal - Alemanha


Peça de porcelana moldada, branca, em forma de campânula geometrizada e invertida, com caneluras separadas por arestas vivas. Sobre o fundo branco, ostenta uma decoração abstracta, parcialmente geométrica, ora curvilínea ora angulosa, aerografada a azul, amarelo, e cinzento. Na base, carimbo verde Rosenthal – Bavaria sobrepujado de duas rosas cruzadas e coroa, e carimbo encarnado R coroado.
Data: 1929
Dimensões: alt. 17 cm


Nos finais dos anos 20, a faiança apresentava-se como o produto moderno por excelência, proporcionando propostas mais vanguardistas e acessíveis que a porcelana, que se mantinha, em grande parte, presa a fórmulas de gosto antiquado.

A admirável homogeneidade do estilo criado durante a República de Weimar, aplicado à cerâmica, com a produção intensiva de objectos de uso utilitário e decorativo com decoração estampilhada e aerografada (que aqui haveremos de ilustrar com alguns exemplares), identificado como produção de massa acessível a todas as camadas sociais – e daí chamada «comunista» pelos partidários de uma estética mais conservadora, que irá levar à tentativa da sua aniquilação a partir de 1933 -, teve de ter repercussões na indústria da porcelana, que, assim, passou, também ela a aplicar as mesmas técnicas e fórmulas decorativas na sua produção. Aliás, a nova estética alastrou como um incêndio, a toda a sociedade alemã no seu conjunto, logo extravasando também as fronteiras geográficas.

E se a Fábrica de Porcelana Rosenthal não foi das mais permeáveis à nova estética, também ela não deixou de produzir objectos cujas propostas ornamentais resultam da aplicação da estampilha e do aerógrafo segundo os critérios decorativos da vanguarda. É o caso da presente jarra, cuja forma, perfeitamente art déco, recebeu uma decoração que entronca nesse mesmo estilo, graças ao desencontro e repetição dos padrões dados pelas estampilhas, claramente definidas de um lado e da gradação tonal que se esfuma na cor de fundo no lado oposto.


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Prato de cozinha art déco com flores - Sacavém


Prato de cozinha de faiança moldada, formato circular com aba larga e lisa. Decoração central estampilhada, aplicada a pincel, e policroma sobre fundo branco, formada por ramalhete de flores, bagas e folhas, em azul, castanho-mel e verde, estilizadas ao gosto art déco. Aba com barra aerografada, cor-de-rosa que se esfuma na direcção do centro. Na base, carimbos verde Gilman & Ctª – Sacavém e 2.
Data: c. 1930
Dimensões: Ø 39 cm x alt. 6,5 cm


Um outro exemplar com esta decoração, de dimensão e cores distintas, pode ser apreciado em MAFLS.

Trata-se da decoração nº 301 do catálogo de desenhos da Fábrica de Loiça de Sacavém, que aqui reproduzimos, numa paleta de cores diferentes, existente no Centro de Documentação do respectivo Museu (MCS-CDMJA), cujos créditos e colaboração agradecemos. Este motivo terá deixado de ser produzido em 1933, dada a indicação escrita no desenho de «retirado» pelo «aviso 1-5-33».

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Miniatura de cria de pássaro art déco – Vista Alegre


Peça de porcelana moldada e relevada em forma de cria de pássaro, estilizado ao gosto art déco, com bico aberto pedindo comida, de dimensões diminutas, policroma (parece-nos que a aerógrafo com apontamentos à mão): corpo amarelo, bico e pernas laranja, soco e olhos a preto com apontamento a branco nos últimos. Na base, pouco legível, carimbo VA, marca nº 31 (1924-1947)
Data: 1932
Dimensões: alt. 4,5 cm





Apesar de aparecer nomeado como «escultura de pinto» no catálogo do VII Leilão Vista Alegre, não se trata, pelas características físicas de uma cria de galinha, mas sim de uma cria de passeriforme. Aliás, no catálogo do IV Leilão aparece nomeado correctamente como «passarinho». Não deixa de ser estranho este engano, dado que tem havido um esforço salutar, por parte dos organizadores dos leilões e respectivos catálogos em dar mais e melhor informação aos colecionadores. É já todo um abismo que separa as primeiras edições das mais recentes.

Este modelo de passarinho, criado em 1932, para além da geometrização cubizante das formas, remete-nos para o universo infantil da banda desenhada. É o que se pode chamar uma peça simpática.