segunda-feira, 16 de julho de 2012

Jarra «toupie» art déco - Longwy


Outra jarra da Fábrica de Faiança de Longwy da forma «toupie» (pião), de tamanho pequeno. Desta feita, apresenta uma variante decorativa distinta, pois para além do friso que envolve o bojo decorado com flores estilizadas, também parte das faces receberam a mesma decoração embora sem cor.

Peça de faiança moldada, esmaltada, craquelé marfim, em forma pião oitavado, com friso redondo envolvendo a sua parte mais larga, com fundo cor de laranja decorado por composição floral policroma, estilizada ao gosto art déco, segundo a técnica do “relevo contornado” ou corda seca. O mesmo motivo floral aparece sem cor, inciso segundo a técnica da corda seca, intercalado, em quatro das faces superiores, partindo do friso em direcção ao bocal que é saliente a cor de laranja. Na base, carimbo redondo com escudo e coroa Longwy, da "Société de Faïenceries" "LONGWY "- France. Número de decor : D5055.
Data: c. 1925
Dimensões: alt. 22 cm x diâm. máximo 17 cm


Embora não assinada, trata-se de uma criação de Raymond Chevallier (1890-1959) dado conhecermos exemplar idêntico devidamente identificado. Será também ele o autor da decoração, em cesto de flores, da jarra com o mesmo modelo apresentada em 20 de Março passado.

Raymond Chevallier começou a trabalhar na fábrica de Longwy em 1921, tornando-se  responsável pela introdução da estética art déco.  Rapidamente assume a responsabilidade pelo atelier artístico. Graças às suas relações pessoais, nomeadamente com Paul Follot, vai obter o exclusivo das criações para a linha Pomone, dos armazéns Au Bon Marché. Longwy vai também criar para a colecção Primavera do Printemps, e para outros armazéns (La Samaritaine, Galeries Lafayette, etc) e grossistas como Jean Luce.

As criações de Raymond Chevallier triunfam nas Exposição de 1925. Será ele quem contrata o seu primo Maurice Paul Chevallier cujas peças, a partir dessa data, ficarão igualmente célebres.

Em 1931 cria a célebre jarra esférica (boule coloniale) para a Exposição Colonial desse ano realizada em Paris, pela qual recebe a medalha de ouro. Esta peça é geralmente considerada como marcando o fim do período criativo art déco em Longwy, que, assim, retorna à tradição japonizante que a havia celebrizado no século XIX.

Nesse mesmo ano Raymond Chevallier parte para a Bélgica onde vai trabalhar na Boch de La Louviere (Keramis) vindo a suceder a Charles Catteau como director. Regressado a França em 1954, cria a Faiencerie d'Orchies, vindo a morrer cinco anos depois.


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