sábado, 17 de março de 2012

Jarra art déco Boch Frères Keramis - Bélgica




Jarra de faiança moldada, de forma ovóide e bocal saliente, de esmalte craquelé branco com decoração policroma de motivos geométricos que se estilhaçam sobre a superfície numa composição art déco de grande dinamismo, segundo a técnica da corda seca. Trata-se da forma nº 975 e da decoração nº 1210. Na base, sem marca, D. 1210 a preto e 15 a cinza, escritos à mão.
Data: 1928
Dimensões: alt. 30 cm

Em 2001, Bruxelas, apesar de ser Outono, estava cheia de sol. Junto ao Sablon, encontrámos uma loja especializada em cerâmicas Boch Frères Keramis, mas que também vendia outras marcas belgas e europeias. Uma tentação para os sentidos, e nós perdidos naquele fio de tempo pleno de memórias lamentando não ser ricos como o americano que levava um caixote repleto das mais espectaculares obras saídas do Atelier de Fantaisie de Charles Catteau.
Saímos com duas peças. Já não foi mau.

A produção da Manufactura Boch Fréres Keramis produziu das mais deslumbrantes e originais peças do período art déco, em faiança e grés, tendo também produzido vidros decorativos. 
As suas peças craquelés esmaltadas em cloisonné, influenciadas pela produção de Longwy, são de uma enorme riqueza formal, sendo mais criativas, inovadoras e diversificadas, sem, todavia, atingirem a perfeição técnica desta. Já no grés a conversa será outra.



Charles Crépin Nicolas Catteau (1880- 1966), nasceu em Douai, em França, de pai belga. Faz a sua formação na Manufactura Nacional de Porcelana de Sèvres, onde se tornará decorador a partir de 1902. Dois anos depois é contratado pela Manufactura de Porcelanas de Nymphenburg, perto de Munique, que abandona em 1906 dado ter sido convidado para trabalhar na Manufactura Boch Fréres Keramis, em La Louvière, Bélgica, como criador de formas e decorações. Contudo, rapidamente se desdobra em professor, químico, engenheiro, director artístico e coordenador de boa parte da produção da Boch Frères.

Entre 1920, quando cria ou reformula o atelier artístico da fábrica, o Atelier de Fantaisie, e inícios de 1940, concebe ou está intimamente associado à criação de mais de 2300 decorações e de cerca de 550 formas, não só produções próprias do seu atelier de arte cerâmica mas também outras produções da manufactura.
Em 1954 abandona a empresa onde era director artístico. A sua carreira acaba nas fábricas cerâmicas de Orchies e Fives-Lille, em França.


2 comentários:

MAFLS disse...

Concordo quanto à falta de alguma perfeição técnica na contenção dos vidrados – era comum os vidrados da BFK extravasarem a corda seca para outras áreas com diferentes cores.

Mas tudo o resto é outra conversa, de facto... Para melhor, em minha opinião.

AM-JMV disse...

Sem dúvida que a criatividade da BFK é superior à Longwy. Nem todas as empresas se podiam gabar de ter um Catteau. Só falha mesmo a técnica em parte significativa da produção. Vá-se lá saber porquê, já que aparecem exemplares absolutamente perfeitos.
Cumprimentos