sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Escultura de cão craquelé art déco – Sem marca





Escultura de faiança, de cor branco marfim com craquelé muito ligeiro, representando um canídeo (da raça esquimó ou husky) sentado sobre as patas traseiras e em pé. A figura do animal é esculpida a partir de um prisma quadrangular que condiciona a sua forma plástica. Sem marca.
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 15 cm (base 5 cm x 5 cm)

Esta curiosíssima figura animal embora tendo sido comprada nos anos 90 do século passado em Lisboa, num antiquário de existência efémera que funcionou na Rua da Esperança, na incomparável Madragoa, por tuta e meia, não nos parece ser de produção nacional.
Apesar de anónima inclinamo-nos para que seja francesa ou belga. Só nesses dois países terão sido criados mais de meio milhar de modelos diferentes de esculturas animalistas, com qualidades plásticas de gradações qualitativas muito díspares, e diversas variantes estilísticas art déco no período de Entre Guerras.
O obediente animal de hoje, não será uma obra-prima, mas a graça das suas formas geometrizadas de influência cubista, que mantêm a lembrança do sólido geométrico onde foi esculpido, não é inexpressiva, muito pelo contrário. Em nossa opinião o escultor soube captar a essência e a frescura do animal em pose e não é a pequena dimensão que o torna menos monumental.
Segundo o livro de momento sobre craquelés, Les craquelés Art Déco: histoire et collections, de Alain-René Hardy e Bruno Giardi (2009), no princípio do século XX as expedições de Peary e de Amundsen aos pólos muito contribuíram para popularizar a fauna dessas zonas que haveria de constituir modelo de escultores que a observava nos jardins zoológicos. Já aqui tivemos oportunidade de mostrar ursos polares, que, com os pinguins, foram autênticas stars nas décadas de 20 e 30 de Novecentos. Os cães esquimós serão menos populares. Aliás, o único exemplo que conhecemos é mesmo este sem marca de fábrica e sem autoria conhecida (alguém tem alguma pista que nos elucide?). As muitas representações de canídeos no período déco são sobretudo de animais de companhia ou de lebréus. Estes últimos devido à popularidade das corridas de cães.

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