segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Jarra art déco oitavada azul com flores - Longwy





Jarra art déco de faiança moldada, craquelé, oitavada, de fundo  azul-turquesa sobre o qual, partindo da base e preenchendo todo o bojo, ascendem folhas e flores policromas seguidas de uma explosão de bolas brancas. Os esmaltes coloridos são aplicados segundo a técnica da corda seca ou “relevo contornado”. Bocal a azul forte, da mesma cor do rebordo e nervura central das folhas. No fundo da base, carimbo a preto com o brasão dos Houart, Longwy - France. Pintado à mão, a preto, 71 e D.5358, e a amarelo 18. Inscrito na pasta algo indecifrável.
Data: c. 1925-30
Dimensões: alt. 30 cm


Já aqui apresentámos este modelo, embora de menores dimensões e com uma decoração - D.5028 - art déco mais contida. Na presente jarra, com a decoração D.5358, está bem patente o eco de toda a exuberância da joie de vivre dos Anos Loucos da década de 1920 que antecederam a Grande Depressão. Uma exaltação de alegria e bom humor, como se dançássemos charleston permanentemente. Pretendia-se esquecer o passado, toda a violência associada à guerra. A morte, os estropiados, as destruições maciças de cidades inteiras. O hedonismo estava na ordem do dia, por isso, quando de novo o alerta chegou estava-se desatento e o impensável voltou a acontecer.

Eis a razão pela qual não nos podemos esquecer que embora a História nunca se repita por vezes assemelha-se perigosamente, daí a necessidade de estarmos atentos para não perdermos o que conquistámos, pois nada é garantido nem se mantém se não se fizer por isso. 


Porém, não precisamos de andar em permanente sobressalto, pois a alegria é demasiado preciosa para ser desperdiçada. E com tudo o que a mudança de ano tem de simbólico – e o mundo, afinal, não acabou – há que ter esperança num mundo melhor, económica e socialmente mais justo e solidário. Por isso, como um parêntesis, os momentos de ócio e de loucura são fundamentais para a boa sanidade mental de todos. A embriaguez não nos pode é toldar permanentemente os sentidos. Destes momentos há que sair devidamente alerta sempre conscientes de que uma gota de água pode não significar nada, mas muitas juntas formam um oceano.

Com a festiva explosão floral da peça de hoje, a lembrar a pirotecnia do fogo-de-artifício, encerramos o ano de 2012 e desejamos a todos os nossos leitores, malgré tout, um 


domingo, 30 de dezembro de 2012

Jarra art déco «Vaso quadrilongo» castanho - Sacavém




Mesmo modelo nº 68, de jarra art déco com a designação de «Vaso quadrilongo», que postámos ontem, embora numa versão cromática distinta, num tom de castanho-alaranjado. Todavia, esta variante é ligeiramente maior e mais espessa que a de cor marfim. No fundo da base carimbo verde, Gilman e Ctª – Sacavém – Made in Portugal e N.
Data: c.1935-40
Dimensões: Alt. 19,7 cm x comp. 18,7 cm x larg. 12,5 cm


sábado, 29 de dezembro de 2012

Jarra art déco «Vaso quadrilongo» marfim - Sacavém




Jarra art déco de faiança moldada, cor marfim ou creme, vagamente em forma de flor de lótus estilizada e geometrizada, com quatro lados, configurando, em planta, um rectângulo cujos ângulos foram cortados por uma incisão em ângulo recto, que se prolonga sobre pé saliente oitavado onde se dissolve. O bocal é realçado por gola ondeada em relevo. No fundo da base, carimbo azul Gilman & Ctª – Sacavém e Made in Portugal. Inscrito na pasta, num lado, 68 e no lado oposto 14 (?).
Data: c.1935-40
Dimensões: Alt.19 cm x comp.18,2 cm x larg.12,2 cm


Esta peça aparece nas tabelas de preços de faianças decorativas, 1941 a 1966, sob o nº 68, com a designação de «Vaso quadrilongo». Como se vê, foi uma jarra cuja produção se manteve muito para além da cronologia do estilo art déco que lhe deu forma. Situação, aliás, comum a outras peças desta fábrica como já tivemos oportunidade de constatar em outros modelos, como foi o caso da jarra caçadores, sobretudo na sua variante a branco e ouro. E tal como esta última, também vai perdendo força ao nível da forma com as aplicações a ouro ou com as decorações florais que lhe vão sendo apostas.

A título de exemplo, na tabelas de preços de1941 a 1945, a produção limita-se a peças coloridas sem ouro, respectivamente a 30$00 e 53$00. Em 1951 a paleta diversifica-se e aparecem-nos cores mates ou coloridos sem ouro, a 61$00, coloridos com ouro, a 73$00, e azul-sèvres ou verde com ouro, a 146$00. Em 1958 regista-se o preço de 80$00 para peças de pintura simples com flores.


Curiosamente parece que a designação que recebeu na FLS lhe advém da tradução linear do francês ou do inglês vase, pois em português nunca um recipiente para receber flores cortadas receberia a denominação de vaso. Assim, o anglicismo (por ser a fonte mais provável em relação a Sacavém) indicia-nos uma possível importação inglesa do modelo.

O arquivo do Museu de Cerâmica de Sacavém - Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso (MCS-CDMJA), a quem agradecemos a cedência da imagem que publicamos e demais colaboração, tem três fotografias deste modelo, datáveis de 1941.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Jarra Arte Nova Denbac nº 88- França




Jarra Arte Nova de grés moldado, em forma de balaústre com relevos orgânicos. Do bojo emergem lateralmente caules curvilíneos que se elevam formando duas asas subindo acima do bocal onde se dissolvem. Ramos secundários, mais finos, emergem também do bojo explodindo em bagas redondas que complementam as asas. A peça, esmaltada a mate num tom acastanhado de terra, recebeu esmaltes a meio-brilho, em tons de terra argilosa que escorreram livremente a partir do bocal. No fundo da base, inscrito na pasta 88 e Denbac.
Data: c. 1910
Dimensões: c. 28,3 cm alt


Trata-se da forma 88 da série de peças Arte Nova criadas pela Denbac, cujas sugestões vegetalistas lhe conferem grande plasticidade, na linha da peça anteriormente mostrada.