sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Jarra “pele de serpente” Aleluia - Aveiro




Jarra de faiança moldada de forte presença escultórica, sinuosa e orgânica. Partindo de uma base circular desenvolve-se uma forma retorcida bilobada que dá corpo à jarra propriamente dita, mas cuja torção projecta, a partir da parte do lóbulo mais largo, uma “excrescência” em fita interligando o bocal e a base, formando, assim, uma espécie de pega. A face exterior é pintada com manchas a duas cores – castanho e amarelo – sobre as quais foram aplicadas, de forma espontânea, curtas e amiudadas pinceladas de branco, produzindo um efeito “pele de serpente”. O interior é branco. Na base, carimbo castanho Aleluia-Aveiro e Fabricado Portugal e, pintado à mão, a ouro, 753.
Data: c. 1955
Dimensões: alt. c. 31,3 cm

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Peixe de Lejan - França




Peixe de faiança craquelé, ligeiramente rosada, fortemente estilizado ao gosto art déco. Sem marca, para além de LEJAN inciso na pasta, na barbatana peitoral direita, pouco legível por causa do vidrado.
Data: 1934
Dimensões: 29,3 cm x 39,1 cm x 12 cm

Este peixe será o craquelé mais comum produzido em França e, talvez por isso, tenha sido tão famoso que acabou por se converter num arquétipo visual da Art Déco popular.
Foi vendido por Manufrance em 1934 e serviu por vezes de troféu em feiras e concursos de pesca (MALAUREILLE, Patrick - Craquelés: Les aimaux en céramique: 1920 – 1940. Paris: Massin Éditeur, 1993, p.51) Trata-se de uma criação do enigmático Lejan de quem já apresentámos peças editadas em Portugal pela Vista Alegre.
Prolífico escultor, Lejan continua a causar polémica em França, ao contrário do que afirmámos nos nossos posts dedicados ao «Pierrot» e ao «Arlequim» da Vista Alegre, sendo considerada a mais enigmática das personalidades evocadas no recente livro dedicado aos craquelés: HARDY, Alain-René;GIARDI, Bruno – Les craquelés Art déco: histoire et collections. Domont: Penthesilia, 2009, que acabámos de adquirir.
Na sua página 66 refere que não se sabe quem seja realmente Lejan, talvez um derivado do verdadeiro nome.
Este criador colaborou com múltiplos editores (Pomone, Le Verrier, ...) e manufacturas (Orchies, Sarreguemines, Boulogne/Seine, ...) a quem cedia direitos sobre os modelos, muitas vezes já anteriormente produzidos, tendo multiplicado os pseudónimos para baralhar as pistas: Lejan, Genvan(n)e e, a partir do seu hipotético lugar de nascimento, Dax, que não é, como supõe P. Malaureille, de atribuir a Cazaux. Encontra-se, igualmente, a assinatura Jeanle, sobretudo em pequenas estatuetas de metal patinado com cores diferentes e, raramente, sobre craquelés.

Quem sabe se o segredo não se encontra revelado no verbete nº 1049 do Catálogo Geral da Fábrica de Porcelana da Vista Alegre (Portugal), relativo ao artigo escultura «Arlequim», de 1927, que dá como autor Gauvenet (1885-1967), cujo primeiro nome é, afinal, Jean-Baptiste?
Na verdade, se analisarmos atentamente as bailarinas de Gauvenet, já mostradas, e os ditos Pierrot e Arlequim de Lejan, da V.A., encontramos aproximações no maneirismo das torções dos corpos, nos perfis das cabeças e mesmo nas golas do vestuário que se assemelham. E isto, para não falar na persistência de peças feitas em Portugal, de que conhecemos apenas exemplares tardios, feitos a partir de moldes do próprio Gauvenet (ver post: Base de candeeiro da Cerâmica S. Bernardo - Alcobaça).

Serviço de café modelo Porto - Porcelana de Coimbra




Serviço de café composto por cafeteira, leiteira, açucareiro, 5 chávenas e 6 pires. Modelo Porto, ao gosto art déco com decoração estampada e policroma, onde se constata as influências do abstraccionismo geométrico, sobre fundo branco. Asas, pegas e bicos a ouro. Na base da cafeteira, Porto (modelo) estampado a preto e Ref. L.B. 5027 (decor) a ouro pintado à mão. Carimbo cinza Coimbra-Portugal enquadrando  as figuras heráldicas do brasão da cidade.
Data: c. 1935
Dimensões: Várias


Mais uma vez, trata-se da versão portuguesa do modelo “Rio” criado, em 1930, pela fábrica alemã Carstens Uffrecht, em serviço de café.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Serviço de chá modelo Porto - Porcelana de Coimbra





Serviço de chá composto por bule, leiteira, manteigueira, 2 pratos para bolos, 6 chávenas e 6 pires (falta o açucareiro). Modelo Porto, ao gosto art déco com decoração estampada e policroma, onde se constata as influências do abstraccionismo geométrico, sobre fundo branco. Asas, pegas e bicos a prata. Na base do bule, Porto (modelo) e ref. L.B. 5056 (decor) a preto, pintados à mão. Carimbo verde Coimbra-Portugal enquadrando as figuras heráldicas do brasão da cidade. Gravado na pasta: 2.
Data: c. 1935
Dimensões: Várias



Trata-se de cópia do modelo “Rio” criado, em 1930, pela fábrica alemã Carstens Uffrecht, Neuhaldensleben, Sachsen-Anhalt.
Mas se o modelo original alemão é em grés e, regra geral, com decoração de espessos esmaltes escorridos ou aerografada, a versão nacional, de porcelana branca, recebeu decorações mais próximas do abstraccionismo geométrico, com raízes no construtivismo e no suprematismo russos, de Malevitch a Kandinsky.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Urso polar de Lejan – Vista Alegre





Escultura de porcelana moldada e relevada representando um urso polar estilizado ao gosto art déco, vidrada a branco. Na base, marca nº 31 (1924-1947): carimbo verde V.A.. Portugal. Na parte de trás da pata posterior esquerda, inscrito na pasta, LEJAN.
Data: 1928
Dimensões: comp. c. 33 cm x alt. c. 17 cm

É notória a influência da escultura do urso polar, datada de 1922, do escultor francês François Pompon (1855-1933), que irá servir de referencial a tantos outros escultores animalistas no período de entre-guerras. Molde importado de França, mais um da autoria de Lejan, que a Vista Alegre editava. Um modelo distinto, mas similar deste autor, diferente apenas na posição das patas, em faiança branca craquelé e com soco, da marca “Orchies”, era vendido pela Manufrance em 1934.


Peru da Lusitânia - Lisboa




Escultura animalista, de faiança moldada e relevada, policroma, pintada a aerógrafo com apontamentos manuais, representando um peru, de cor azul forte com cabeça e carúncula a encarnado, assente sobre um soco castanho. Na base, carimbo estampado, verde, da unidade de Lisboa: escudo coroado Lusitânia, com Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia] sobrepujando Portugal.
Data: c. 1930-40
Dimensões: alt. 11,5 cm (soco: 7,5 cm x 6 cm)

Mais uma vez, e à semelhança do pelicano da Lusitânia – Coimbra, anteriormente divulgado, estamos em crer que a escultura “peru” também será importada. Esta peça é curiosa a vários níveis, por um lado partes dela são quase naturalistas, por outro lado regista-se uma estilização geometrizada da cauda aberta que remete para uma gramática art déco. Tal como acontecia com o pelicano, a pintura revela a mesma liberdade quase expressionista, com cores fortes e contrastantes.



As origens da Fábrica de Cerâmica Lusitânia remontam a 1890 quando o francês Sylvan Bessière a fundou para produção de tijolos, telha marselha, manilhas e loiça utilitária (talhas para água e vasos). Inicialmente instalada perto do matadouro junto à Estrada das Picoas, na zona do actual Saldanha Residence e do edifício sede da Portugal Telecom/Fórum Picoas, por volta de 1900 haveria de ser transferida para junto do Palácio Galveias, ao Campo Pequeno, uma zona rica em barro.
Com a morte do fundador, em 1919, a fábrica perde o carácter familiar e é comprada pelo Banco Industrial Português que a transforma na Companhia da Fábrica de Cerâmica Lusitânia (C.F.C.L.), que, a partir de 1929, haveria de comprar fábricas falidas um pouco por todo o país, com destaque para a Fábrica da Estação Velha, em Coimbra, e, já em 1936, a Fábrica de Cerâmica de Massarelos, em Quebrantões - Vila Nova de Gaia. A designação passava, entretanto, a Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia. São as unidades fabris de Lisboa e Coimbra as que mais nos interessam enquanto coleccionadores.
Depois de 1945, a empresa veio a substituir a marca CFCL pela marca LUFAPO.
A fábrica de Lisboa, que terá funcionado até finais dos anos 50 do século XX haveria de encerrar portas definitivamente cerca de 20 anos mais tarde, sendo o edifício demolido para dar lugar à sede da Caixa Geral de Depósitos. Como memória desta importante unidade fabril restou uma chaminé inserida no jardim que rodeia a faraónica construção da autoria do arquitecto Arsénio Cordeiro.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Seviço para refrescos “Holandês” - Sacavém











Conjunto de peças moldadas, formato “holandês”, composto por jarro antropomórfico, com tampa (parte do chapéu). O “holandês”, com cachimbo na mão, é acompanhado pela sua “prole”, os cinco copos. Todos com calças e chapéus cor de laranja, coletes azuis e mangas brancas, sapatos pretos da cor do cabelo. Carnações ao tom da pele. Na base carimbo verde Gilman & Cia. Sacavém e Made in Portugal. Um dos copos, o carimbo Made in Portugal, dentro de oval, é azul.
Data: c. 1930
Dimensões: jarro: alt. 25 cm (c/tampa); copo: alt: 10,4 cm
 
 Existe também um jarro de forma feminina – a “holandesa”. Como já MAFLS salientou, "esta peça evoca os famosos jarros ingleses antropomórficos, tradicionalmente conhecidos como Toby Jugs, que se popularizaram a partir do século XVIII."


Encontramos paralelismo na produção alemã coeva, de que apresentamos fotografia do jarro (retirado da net) embora não saibamos a marca.
Aliás, os costumes holandeses, pelo menos desde inícios do século XX, aparecem-nos com alguma frequência na produção cerâmica alemã, caso da azulejaria, de que haveremos de mostrar um exemplo de toda uma série a este tema dedicada.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Centro mesa com banhista – Pirkenhammer, Checoslováquia







Centro de mesa, para flores, composto por taça circular de porcelana moldada e relevada, branca com cintura de flores relevadas a ouro, circundada por orifícios para flores, em cujo centro se coloca uma figura feminina, amovível, sobre plinto também com orifícios para flores. A figura, atribuída a J. Meier, igualmente de porcelana moldada, branca com pequenos apontamentos a ouro, calça sapatilhas de bailarina, e está vestida com fato de banho com cinto dourado, segurando um manto que lhe cobre parcialmente o corpo. Na base de ambas, carimbo da fábrica Pirkenhammer, e Kunst-Abteilung (atelier de arte) que na taça aparece acrescido de Czechoslovakia.
Data: c. 1925
Dimensões: escultura: alt. 28,7 cm - taça: larg 27,5 cm x alt. 5,5 cm

A fábrica Pirkenhammer, em Brezová, na antiga Checoslováquia, foi das primeiras a adoptar no país a gramática art déco na sua produção no início dos anos 20, pelo que quando se dá a Exposição de 1925, em Paris, ela reunia condições para mostrar as suas criações de alta qualidade que expôs no pavilhão nacional. Entre estas destacavam-se as esculturas de pequena dimensão, muitas delas da autoria do escultor J. Meier.


Na peça parece-nos evidente a relação com o cinema ou com o mundo do espectáculo: uma elegante emerge de um mar de flores dando-se a contemplar e, ao mesmo tempo, fingindo esconder-se por detrás de um manto que lhe realça ainda mais o charme. Será um retrato de bailarina ou actriz, como era usual acontecer em produções deste género à época? Tanto mais que, quando a adquirimos num antiquário em Praga, informaram-nos que a peça tinha pertencido a uma modista da Ópera Nacional, a quem tinha sido oferecida. Ao tempo, a senhora, já muito velhinha, ainda vivia. Já lá vão 13 anos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Painel de azulejos aerografados de padrão geométrico – Sacavém



Painel de revestimento, composto por módulos de 2x2 azulejos, de pó-de-pedra, com decoração aerografada, monocromática em tons de azul-cinza, constituída pela sobreposição de figuras geométricas (círculos e quadrados) em dégradé. No verso estriado, em relevo, Sacavém e (…?)
Data: c. 1930
Dimensões: 15,5 cm x 15,5 cm

Cada módulo de 4 azulejos permite três combinações distintas. Como possuíamos apenas oito azulejos, decidimos montá-los, sobre acrílico (por isso não conseguimos ler a totalidade do verso) em duas dessas combinações, dado o efeito óptico ser totalmente distinto.
Este tipo de azulejos foi pouco utilizado no revestimento azulejar de fachadas, sobretudo em Lisboa, sendo mais comum nos átrios das entradas dos edifícios. Esta situação prende-se com uma suposta postura camarária que, por volta de 1920, proibiu a aplicação de azulejos em fachadas. A capital só voltaria a ver um edifício revestido a azulejo em 1949.


A influência alemã neste tipo de produção a aerógrafo, com motivos geométricos, na produção da Fábrica de Loiça de Sacavém é mais que evidente. Haveremos de mostrar exemplos tanto desta fábrica, como de outras portuguesas, mas também, e sobretudo, germânicas.
A ela não será alheia a presença do técnico Joseph Clemens, que entrou ao serviço da fábrica de Sacavém, em 15 de Setembro de 1926, para se encarregar do recorte das chapas metálicas, em estanho e zinco, utilizadas para a decoração a aerógrafo. Este técnico, que aí trabalhou até 1971, era chamado pelos trabalhadores «José Alemão». Para mais detalhes ver MAFLS.

 A fotografia e o cinema foram fundamentais para a estética do século XX. As suas potencialidades plásticas, sobretudo ao possibilitar jogar com a sobreposição de imagens, são infinitas. A electricidade dava luz à noite e nada haveria de ser como antes.
A contaminação entre artes é notória e indissolúvel. No início do novo século, liberta da forma por Vassily Kandinsky, a cor adquire outras possibilidades artísticas e estéticas, os diferentes planos dados em simultâneo pelo cubismo de Pablo Picasso, o estilhaçar do figurativismo dado pela noção de movimento presente no futurismo, a emotividade do expressionismo ou a geometria rítmica do construtivismo, só para dar uma pincelada apressada num mundo novo que, nascido com o novo século, a estrutura criada pelo arquitecto Walter Gropius, a Bauhaus (1919-1933), haveria de tentar unificar enquanto arte total, da arquitectura – que tinha o primado – até ao objecto utilitário.
O acto de construir destinava-se a eliminar as diferenças sociais e a unir o povo com o artista. A síntese de ideias consumada por Gropius na Bauhaus, é, em si mesma, um acto criativo. Daí a sua necessidade de reunir, enquanto professores na escola da Bauhaus, personalidades famosas mesmo que as suas ideias vanguardistas ainda não fossem compreendidas ao tempo. Nela se integrarão, como docentes, e só a título de exemplo, Kandinsky, Lászlo Moholy-Nagy, ou Paul Klee.
A repetição e sobreposição de figuras, criando efeitos ópticos, foram exploradas nas experiências de Fernand Léger no cinema, com o seu Ballet Mecanique (1924), e de Man Ray, tanto na fotografia como no cinema, que Busby Berkeley, na década seguinte haveria de vulgarizar na cinematografia comercial de Hollywood. O cinema será, aliás, o grande veículo de difusão da estética Art Déco um pouco por todo o mundo. A este universo irão beber os artistas da Op e da Pop Art nos anos 60 e 70 do século XX.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Base de candeeiro art déco – Vista Alegre




Peça de porcelana moldada, de base branca com decoração vegetalista, pintada à mão, em dois conjuntos intercalados, formando escamas, remetendo para folhas e flores estilizadas ao gosto art déco, a preto, cinzento-acastanhado e ouro. A forma, pesada e complexa, resulta da junção de duas partes troncocónicas interligadas por um largo anel estriado. Estas estrias estão igualmente presentes no bocal e pé, e são realçadas com listas nas três cores. Na base, carimbo verde, um pouco sumido, V. A. Portugal. Inscrito na pasta: 10-5. Escrito a lápis, P1132 e 85 00 (talvez o preço de venda à época) cortado por dois riscos paralelos.
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 32,2 cm x larg. 21,5 cm

Mais uma vez se nota, na base de candeeiro, a influência da art déco francesa, neste caso, estamos em crer, que de uma determinada produção de Limoges.

A Fábrica da Vista Alegre, fundada em 1824, atravessou um fase difícil desde os anos 80 do século XIX e durante as duas primeiras décadas da centúria seguinte.


No período entre 1922 e 1947 dá-se o ressurgimento da fábrica de porcelanas da Vista Alegre. Será seu impulsionador João Theodoro Pinto Basto (1870 – 1953) que vai reorganizar a fábrica, mantendo-se à frente da administração durante este período de ouro. A partir de 1922 a V. A, transforma-se numa sociedade por cotas, e é elevado o seu capital, as instalações são, então, alargadas e modernizadas. A par do desenvolvimento produtivo e tecnológico, dá-se a uma importante renovação artística sob orientação de Henrique Constâncio a quem sucede Vasco Valente, mantendo a escola de pintura a sua elevada reputação. Neste período colaboram com a fábrica conhecidos artistas nacionais a par de importação de modelos estrangeiros, sobretudo franceses.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Jarra com borboleta - Longwy

Hoje, antes de apresentar a peça que preparámos, queremos dar os parabéns ao nosso bloguer MAFLS pelo número incrível de visitantes, entre os quais, desde cedo, nos contamos.
Mais, queremos igualmente agradecer-lhe o ter-nos incluído na sua selecção de blogues que partilham o mesmo interesse pela cerâmica.



Peça de faiança moldada, esmaltada, de fundo craquelé marfim, de forma oval, com gargalo estreito e bojo achatado. A face principal é decorada com composição floral e borboleta, estilizadas ao gosto art déco. Na face contrária uma única flor estilizada. Ambas segundo a técnica da corda seca ou “relevo contornado”. Base e bocal salientes a azul forte. Na base, pintado à mão, D. 5072 (do decor), e carimbo: escudo e coroa Longwy – France. Inscrito na pasta: 3068 (nº de forma).
Data: c. 1920-30
Dimensões: alt. 22cm x larg 12cm

Voltando aos craquelés e à produção de Longwy, apresentamos um exemplo bem revelador da qualidade técnica atingida por esta fábrica francesa. Sobre o espesso esmalte craquelé, aplicado a pincel, que domina a quase totalidade da forma, destaca-se a delicada composição floral com borboleta. As cores, separadas pela técnica da corda seca, são muito vivas e contrastantes. A profundidade e o brilho acetinado, ao olhar e ao tacto, do craquelé ligeiramente acastanhado, faz contraste e valoriza a decoração, quase relevada e brilhante, das partes coloridas. O azul do bocal e do pé, repetido na borboleta, salienta as extremidades da peça. O destaque destas, ou pelo menos da base, em jarras, garrafas, copos, entre outro tipo de objectos, com uma cor contrastante é muito característico na decoração deste estilo, mesmo noutros materiais como o vidro. Haveremos de voltar ao assunto noutras peças desta fábrica e de outras que utilizam a mesma técnica.